sexta-feira, 20 de setembro de 2019

RELAÇÃO ENTRE OS MOVIMENTOS FEMINISTAS E LGBT


RELAÇÃO ENTRE OS MOVIMENTOS FEMINISTAS E LGBT[i]


Arthur Dias e Souza[ii]


O movimento feminista e suas vertentes surgiram para dar a voz para a mulher que, em função do patriarcado, sofre com a desigualdade civil. É necessário avaliar que a luta feminina se assemelha com a dos LGBT, ambos sofrem com a hierarquização do homem hétero. Ainda assim é defendida a soberania masculina nos dias de hoje. Desse modo os dois movimentos foram criados com motivos semelhantes, para desconstruir os padrões impostos desde muito tempo.
É possível observar o que as duas lutas têm em comum, como combater o machismo e conquistar a igualdade civil, em que mulheres e homossexuais tenham os mesmos direitos que um homem heterossexual.
Vale ressaltar que o Brasil é o país em que há uma grande proporção de crimes de ódio contra os LGBTs e as mulheres. Os dois movimentos vêm com a iniciativa de criminalizar esses atos e atualmente os homossexuais já conquistaram a criminalização da homofobia, assim como os transexuais têm o direito a recorrer a Lei Maria da Penha.
Outra semelhança é que o Feminismo e o movimento LGBT tentam, através de manifestos, influenciar cada vez mais a construção da liberdade corporal, fazendo com que a sociedade sofra os efeitos e tenha resultados positivos em prol dos Direitos Humanos. É neste sentido que surgiram as marchas, como a “Marchas das Vadias’’, dentre outros movimentos em prol a causa feminina, que consiste em mostrar o orgulho em ser uma mulher, e as “Paradas Gay", em que um grupo de homossexuais se reúne e comemora nas ruas, demonstrando o seu orgulho pela sua orientação sexual e até mesmo gênero. Nesse contexto a frase de Simone de Beauvoir "Não se nasce mulher, torna-se mulher" se encaixa, tanto na luta feminina quanto na luta dos LGBTs, especialmente lésbicas e transexuais.
A representatividade feminina dos LGBTs ainda não é visível na sociedade, no mercado de trabalho, nas escolas e na política. Porém, foram criadas organizações e grupos para possibilitarem a visibilidade e representatividade no âmbito social, para atenderem a necessidade desses grupos. Uma delas é a possibilidade do/a transssexual ter um nome social e colocá-lo em sua nova identidade.
 Desde 2013, é mais fácil para os/as transexuais mudar seu gênero no passaporte. Com a chegada da possibilidade de colocar o nome social e poder criar uma nova identidade o indivíduo transsexual, passa a sofrer a mesma condição de subalternidade, semelhante à situação da mulher que cria uma identificação durante a história da humanidade, em que ela mesma possa ser o que ela quer ser, sem qualquer tipo de interferência masculina.
 Sobretudo, há uma nova onda do Feminismo, em que o movimento passa a criticar as práticas do capitalismo como uma fonte para a desigualdade e a exploração do corpo como, por exemplo, a pornografia e a prostituição.
Os LGBTs sofrem com a subjugação do capitalismo. Isso se deve a empresas que usam a marca do Orgulho Gay para atrair mais pessoas pertencentes ao grupo. Porém é uma grande hipocrisia, pois as empresas não promovem a entrada no mercado de trabalho para transsexuais e homossexuais, e em diversos casos são totalmente explorados para lucro dessas empresas.
Hoje em dia é visto que os movimentos Feminista e LGBT são rejeitados por parte da sociedade, mesmo com uma variedade de lutas, representatividades, diversas tentativas para a inserção no mercado de trabalho e a busca por identidade. De fato são movimentos de suma importância para a sociedade poder evoluir e deixar certos paradigmas de lado, porém, como a heteronormatividade e o patriarcado ainda existem na concepção de muitas pessoas, muitas pessoas acabam não dando a devida atenção para os movimentos e simplesmente agem com ignorância ao criticá-los




[i] Texto produzido nas aulas de Língua Portuguesa e Sociologia.
[ii] Aluno da 3ª Série do Ensino do Médio.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

MOVIMENTOS SOCIAIS E AS QUESTÕES DE GÊNERO



MOVIMENTOS SOCIAIS E AS QUESTÕES DE GÊNERO[i]

    Daniel Moreira Niedzielski[ii].

         A questão de gênero é um tema que se encontra em pauta atualmente, porém o movimento LGBT e o Feminista se sobressaem no que se refere às discussões sociais e políticas.
     Em primeiro lugar cabe destacar a representatividade de ambos os grupos, que ao serem representados em séries, filmes e outras formas de mídia, adquirem uma forma estereotipada e/ou idealizada de um ponto de vista específico. Estes movimentos são geralmente invisibilizados ou inferiorizados, não se levando em conta que, às vezes, são demonizados por religiões conservadoras. Tendo em vista esta repressão externa, ainda existe a própria pressão interna desses grupos por classe, etnia ou até mesmo gênero, o que constitui um dos problemas que aflige estes movimentos.
         Quanto às causas que se referem, o movimento LGBT foca-se na aceitação e integração de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transgêneros na sociedade, de tal forma que não se discrimine uma pessoa por seu gênero ou orientação sexual. No entanto, a lógica ocidental tradicional funciona como uma divisão binária, que se divide em dois opostos: masculino x feminino, macho x fêmea ou homem x mulher. Desse ponto de vista, o ser humano nasce com determinadas características biológicas, que o enquadram automaticamente como um individuo do sexo masculino ou feminino. O sexo é definido biologicamente tomando como base a genitália, cromossomos sexuais e hormônios com os quais se nasce. No entanto, o sexo não determina, por si só, o gênero e a orientação sexual de uma pessoa, o que torna esse tipo de repressão ainda mais ilógica do que já é.
     Já o movimento feminista visa uma maior igualdade salarial, social e de representatividade midiática. No entanto, como o movimento LGBT, apresenta-se com um elevado grau de diversidade e até de opressão na representatividade dentro de respectivos grupos. Mulheres negras lésbicas, por exemplo, sofrem bem mais preconceito do que um homem branco gay.
      Esta nova onda de preconceito que ocorre nos dias de hoje requer atenção e se não forem tomadas as iniciativas certas, mulheres negras lésbicas continuarão sendo as mais afetadas. Independentemente de opinião, agora as liberdades individuais estão em jogo.
      Ironicamente a solução para tanto preconceito e leis de inclusão, ainda estão nas mãos de governos historicamente racistas, homofóbicos, elitistas e machistas, como o brasileiro. Sendo assim, as iniciativas devem surgir a partir do povo ou de movimentos como o Feminista e o LGBT. Para todos os efeitos é inegável a necessidade de uma séria correção no modo de pensar da nossa sociedade. Tratar uma pessoa que age de forma diferente da sua com pouca ou nenhuma dignidade somente por uma desavença ideológica é perturbador e desumano.



[i] Texto produzido nas aulas de Língua Portuguesa e Sociologia.
[ii] Aluno da 2ª Série do Ensino Médio.

domingo, 25 de agosto de 2019

PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO, UM PAR PERIGOSO!




PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO, UM PAR PERIGOSO!

Luiz Câmara[1]


Em nosso cotidiano ouvimos, e muitas vezes afirmamos que tal ou qual pessoa é preconceituosa. Em outros momentos nossas opiniões, geralmente sobre assuntos polêmicos, são acusadas de serem preconceituosas e discriminatórias. Mas, afinal de contas o que é o preconceito? Preconceito e discriminação são sinônimos? Ambos são sempre ruins e prejudiciais? Vamos pensar um pouco sobre isso.
O termo preconceito, segundo os professores Danilo Marcondes e Hilton Japiassu[2], pode se referir a qualquer “opinião ou crença admitida sem ser discutida ou examinada, internalizada pelos indivíduos sem se darem conta disso, e influenciando seu modo de agir e de considerar as coisas” Neste sentido, muitas das ideias que possuímos sobre vários aspectos de nossa realidade cotidiana não passam de pré-concepções, posto que, não estamos todo o tempo discutindo e examinando sua validade e coerência.  Ademais, é a partir de tais concepções prévias que os conhecimentos aprofundados – os conceitos – são construídos e revistos.
Por outro lado, entretanto, o preconceito possui também, um sentido negativo, significando o preconceito que nega a particularidade daquilo ou daqueles que são diferentes e justifica dominações e exclusões. Precisamos enternder que é este tipo de preconceito que mais exige nossa atenção, porque é necessário que percebamos que nosso preconceito não se trata de uma opinião própria, mas pelo contrário, é sempre uma opinião transmitida, herdada e aceita sem ter passado por uma avaliação crítica e que, em geral, não há justificativas para o medo ou o ódio irracionais frente a determinados grupos humanos, que possuem características identitárias diferentes das nossas.
Discriminar, por sua vez, pode significar distinguir, separar ou diferenciar. Todavia, pode se referir, igualmente, ao tratamento desigual ou injusto dado a uma pessoa ou grupo, com base em preconceitos de alguma ordem. É esta última acepção que é negativa e deve nos preocupar, pois nos remete às diversas formas de distinção, exclusão, restrição ou preferência fundada em quaisquer características identitárias que tenha como objetivo ou como efeito destruir ou comprometer o reconhecimento, o gozo ou o exercício, em condições de igualdade, dos direitos do ser humano e das liberdades fundamentais nos domínios político, econômico, social e cultural[3].
Como podemos perceber o preconceito e a discriminação, embora diferentes, frequentemente andam juntos. Ao aceitar concepções e opiniões sem refletir sobre elas, corremos o risco de julgar e tratar os outros em função de algumas características, sejam físicas ou de comportamento, que consideramos inferior ou indesejável, desrespeitando, como consequência, seu valor enquanto pessoa e seu direito de ser como é. E, o que é mais grave, agimos assim acreditando que estamos defendendo nosso sagrado direito de pensar e agir com liberdade. Não podemos nos esquecer, contudo, que somos verdadeiramente livres apenas quando refletimos criticamente sobre nossas próprias crenças e valores. Pense a respeito.


[1] Coordenador pedagógico e professor de filosofia e sociologia do Colégio Recanto do Fazer.
[2] JAPIASSU, I.  e MARCONDES, D. Dicionário básico de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008. (p.224)
[3] Conforme a “Convenção Internacional Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – 1965” Disponível em <http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos /discriraci.htm>